Condições climáticas e período da entressafra encarecem preços para os consumidores
Na divulgação de preços, a alimentação em domicílio foi a que mais subiu, com alta de 0,83%. Os alimentos que ficaram mais caros – e são tradicionalmente parte da dieta doméstica do brasileiro – puxam essa alta. A batata-inglesa subiu 18,29%, o tomate, 14,32% e o café moído, 4,48%.
A batata inglesa está mais cara devido à entressafra. A passagem da safra das águas para a safra da seca provocou uma queda na oferta do produto, já esperada para esta época do ano nas principais regiões produtoras. A tendência é que batata inglesa continue com preços mais elevados por pelo menos mais 60 dias.
De acordo com a equipe de análises de hortifrutis do Centro de Estudos em economia Aplicada (Cepea/Usp), a estiagem que marcou os meses de março e abril nas regiões produtoras de batata no Cerrado e Sul de Minas, aliada ao calor excessivo, deixaram a qualidade do alimento comprometida, reduzindo ainda mais a oferta. Os produtores colheram batatas menores. Já em Guarapuava, no Paraná, as instabilidades climáticas contribuiu para o aparecimento da praga chamada larva-alfinete, que também prejudicou a qualidade e a oferta. O resultado é que as batatas classificadas como aptas para o mercado ficaram mais caras.
O tomate, todos os anos, aparece como o vilão da inflação nesta época do ano. Isso porque a segunda hortaliça mais cultivada no Brasil e também, a mais consumida, é sensível às condições climáticas do verão, chuva e calor. Por ser uma hortaliça de ciclo curto, que leva em torno de 90 dias entre o plantio e a colheita, boa parte do tomate plantado no Brasil em janeiro ficou com a produção comprometida e, assim como a batata, os frutos com melhor qualidade e padrão de mercado, ficaram mais caros. O tomate aparece em abril registrando alta de 14,32% em relação a março. No 1º trimestre de 2025, porém, o preço do fruto acumula alta superior a 52%.
O terceiro alimento que deixou o grupo mais pesado para o consumidor continua sendo o café, com alta de 4,4% no mês. E os problemas são os mesmos, o clima que impactou as lavouras no ano passado. Diferente das hortaliças, o café é uma cultura de ciclo longo, portanto, foram as condições climáticas registradas no Brasil em 2023 e em 2024 que impactaram o preço do produto que chega ao mercado em 2025. A boa notícia é que as chuvas registradas em Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo nos últimos meses está promovendo uma recuperação nos cafezais. No momento, os grãos estão em formação nas árvores, indicando que a produção na safra 2025/2026 pode ser mais produtiva.