Ao todo, seis menores estão apreendidos. Depoimento de dois deles causou uma reviravolta na investigação, pois a polícia acreditava que o crime tinha sido cometido por xenofobia.
Por Rafael Oliveira, G1 GO
A investigação da morte do paraense José Maria de Souza, de 34 anos, teve uma reviravolta após a Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH) de Anápolis, a 55 km de Goiânia, interrogar mais dois adolescentes, na manhã desta terça-feira (12). Com os novos depoimentos, a polícia descartou a motivação por xenofobia e apura se o ato foi cometido por vingança após uma briga.
Ao todo, seis adolescentes estão apreendidos suspeitos de participar do crime. A Polícia Civil informou que, até a publicação desta reportagem, eles não tinham apresentado advogado.
Os investigadores trabalhavam com a hipótese de o crime ter sido motivado por xenofobia porque vizinhos disseram em depoimento terem escutado gritos de “não vamos tolerar paraenses no setor”, quando os criminosos invadiram a casa da vítima, na noite de domingo (10).
Adolescentes são apreendidos suspeitos de matar José Maria de Souza, em Anápolis — Foto: Divulgação/Arquivo pessoal
Titular da DIH de Anápolis, Vander Coelho esclarece que o depoimento dos dois menores trouxe à tona a história que um dos menores brigou com um parente de José Maria há 30 dias em uma festa, em Anápolis. A confusão tomou uma proporção maior quando a versão da briga foi repassada adiante pelos envolvidos.
Tomado de raiva pela briga, José Maria teria ameaçado o adolescente e o grupo com qual ele andava no bairro Vila Esperança. A partir daí, segundo o delegado, a cada encontro de José Maria com o grupo, seja em festa ou bares da região, as animosidades se acentuavam.
Na madrugada de domingo, os adolescentes, com idades entre 13 e 17 anos, invadiram a casa da vítima e a agrediram com pauladas, pedradas e golpes com um facão.
Com os suspeitos são adolescentes, a investigação do caso deve ser transferida ainda nesta terça-feira da DIH para a Delegacia de Apuração de atos Infracionais (Depai).
O promotor de Justiça do Ministério Público de Goiás (MP-GO), Tommaso Leonardi, disse que o órgão vai pedir a internação definitiva dos adolescentes por causa da gravidade do crime.
“Os adolescentes tinham entre 13 e 17 anos, e por mais que pensamos sobre a impunidade nessa faixa etária há várias medidas que podem ser tomadas, inclusive suas internações por um período máximo de três anos. Não é a resposta esperada, mas é o que podemos buscar de acordo com o Estatuto da Criança e Adolescente”, esclarece o promotor. Os menores já estão sob a guarda do Juizado de menores de Anápolis.