Laudo diz que infecção foi causada por lesões na pele ocasionadas por bactérias.Bebê de 5 meses que morreu após tomar injeção com dipirona teve infecção generalizada, aponta laudo Laudo diz que infecção foi causada por lesões na pele ocasionadas por bactérias. Polícia Civil investiga o caso.
Por Gabriela Macêdo e Ludmilla Rodrigues, g1 Goiás e TV Anhanguera
A bebê Ayslla Helena Souza Lopes, de 5 meses, que morreu após tomar uma injeção com dipirona em Trindade, na Região Metropolitana da capital, teve uma sepse, a infecção generalizada, segundo o laudo do Instituto Médico Legal (IML). O caso é investigado pela Polícia Civil.
No laudo, é explicado que essa infecção foi causada por “impetigo disseminado no tegumento corporal”, que são lesões na pele causadas por bactérias. Não é explicado, no entanto, qual o tipo dessas lesões e como elas foram causadas. O g1 questionou a Polícia Civil se esse resultado muda algo na investigação e a instituição informou que a delegada responsável pelo caso fornecerá informações ao final das investigações.
Na época em que se iniciaram as investigações, a prefeitura de Trindade explicou que apurava um suposto erro na aplicação da injeção que foi feita em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) (veja nota da época ao fim da reportagem). Já nesta quarta-feira (30), a prefeitura disse que ainda não recebeu o laudo com a causa da morte de Ayslla Helena Sousa e que não irá se pronunciar até que o documento oficial seja entregue à Secretaria Municipal de Saúde de Trindade.
Ferimentos em Ayslla Helena Souza Lopes, que morreu em Trindade — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Idas à UPA e medicações
Segundo a família, a menina foi diagnosticada com a doença “mão-pé-boca” e, entre as prescrições, a médica passou o medicamento para ser injetado, mas a enfermeira não encontrou a veia e pediu para aplicar no músculo, o que foi autorizado. Andréia disse que surgiu uma ferida com secreção no lugar da aplicação, a menina piorou e morreu no último dia 7 de agosto.
“A enfermeira que aplicou a injeção pegou a receita que a médica passou e foi na sala dela perguntar se podia dar intramuscular, a doutora autorizou e ela deu. Só que ela deu muito em cima da região que era pra fazer”, explicou a mãe Andréia Lopes.
Segundo a mãe, na primeira consulta, realizada no dia 4 de agosto, a médica receitou dipirona, ibuprofeno e soro para reidratação oral. A menina piorou e voltou à UPA no domingo (6). Desta vez, ela foi atendida por um médico de plantão, que prescreveu anti-inflamatório e mandou a bebê de volta para casa, com a orientação para os pais fazerem compressa e depois drenarem a secreção.
Ferimento onde Ayslla Helena Souza Lopes tomou injeção, ela morreu em Trindade — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
“Eu não fiz isso, eu já estava colocando a água morna, porque estava muito feio”, explicou a mãe.
Já na segunda-feira (7), a família voltou à UPA pela terceira vez, porque a bebê havia piorado. A menina deu entrada na unidade às 10h05.
O relatório médico detalhou que ela estava com “taquidispneia grave”, que é quando a respiração fica acelerada e difícil, além de apresentar baixa saturação, desconforto para respirar e sonolência.
Dez minutos depois, o quadro da menina piorou e ela teve uma parada cardiorrespiratória, segundo o relatório. A equipe médica detalhou que tentou reanimar Ayslla por 1h10, mas ela não resistiu.
Ao g1, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) explicou que “todas as denúncias relacionadas à conduta ética de médicos recebidas, ou das quais tomam conhecimento são apuradas e tramitam em total sigilo, conforme determina o Código de Processo Ético-Profissional Médico”.
O g1 não conseguiu contato com a defesa dos médicos e da enfermeira até a última atualização desta reportagem.
Nota da prefeitura de Trindade:
A Prefeitura de Trindade informa que já instaurou sindicância administrativa interna, junto ao Núcleo de Segurança do Paciente, para que seja verificado se houve algum equívoco na assistência prestada à paciente em relação às prescrições e modo de administração de medicamentos.
O diretor clínico da UPA 24 Horas Dilson Alberto de Souza, Rogério Taveira, solicitou todos os documentos que descrevem os procedimentos realizados na paciente durante o período em que esteve na unidade de saúde.
A equipe envolvida no caso já foi afastada de suas atribuições, ou seja, não trabalham na UPA 24h até que os fatos sejam todos apurados.
A Prefeitura de Trindade presta total apoio à família por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social. Foram disponibilizadas profissionais de assistência social para atender as necessidades dos pais e serviço funerário.
É com imenso pesar que a Prefeitura de Trindade recebe a notícia do falecimento da paciente, e roga ao Pai Eterno conforto para os familiares. Todas as investigações necessárias serão realizadas para elucidar a causa da morte.