Ribeiro será o quarto ministro da Educação em um ano e meio de governo Bolsonaro. Antes dele, passaram pelo ministério Ricardo Vélez Rodríguez, Abraham Weintraub e Carlos Alberto Decotelli.
G1 Brasil
O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta sexta-feira (10) por meio de uma rede social o professor e pastor evangélico Milton Ribeiro como novo ministro da Educação. Logo após o anúncio de Bolsonaro, a nomeação foi publicada em uma edição extra do “Diário Oficial da União”.
Ribeiro será o quarto ministro a comandar a pasta em um ano e meio de governo Bolsonaro. Os antecessores são Ricardo Vélez Rodríguez, Abraham Weintraub e Carlos Alberto Decotelli.
O novo ministro da Educação é militar da reserva do Exército e pastor da Igreja Presbiteriana de Santos.
Segundo o currículo na Plataforma Lattes, mantida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ele é graduado em teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul, doutor em educação pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em direito constitucional pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, instituição da qual é ex-vice-reitor.
O último ministro a ocupar o posto foi Carlos Alberto Decotelli, que ficou no cargo menos de uma semana e caiu após polêmicas envolvendo o currículo dele. Decotelli chegou a ser nomeado, mas sequer tomou posse.
Desde então, chegaram a ser cotados para o MEC o secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, que desistiu da indicação, e o deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), que, segundo Bolsonaro, era um “reserva” para a hipótese de não encontrar outro nome para a pasta.
Quando foi eleito presidente, em 2018, Bolsonaro disse que o MEC passaria a priorizar um “ensino de qualidade” para os jovens serem bons profissionais, “deixando de lado” temas relacionados ao que ele costuma chamar de “ideologia de gênero” e “ideologia voltada para o desgaste dos valores familiares“.
Para Bolsonaro, Paulo Freire é um “energúmeno”. Freire é considerado patrono da educação brasileira e autor do único livro brasileiro a aparecer na lista dos 100 títulos mais pedidos pelas universidades de língua inglesa consideradas pelo projeto Open Syllabus.
Relembre os ex-ministros da Educação no governo Bolsonaro:
Ricardo Vélez Rodríguez (janeiro a abril de 2019)
Seguidor de Olavo de Carvalho, Ricardo Vélez ficou no cargo 3 meses e 1 semana, uma das gestões mais curtas desde 1985. Vélez caiu após uma disputa entre a ala ideológica e a ala militar dentro do MEC.
Durante o período em que Vélez esteve à frente da pasta, houve ao menos 14 trocas em cargos importantes da estrutura do ministério e editais publicados com incongruências, e depois anulados. Vélez também deu declarações polêmicas, o que gerou críticas de diversos setores da sociedade.
Abraham Weintraub (abril de 2019 a junho de 2020)
O segundo ministro da Educação no governo Bolsonaro foi o economista Abraham Weintraub. Ele ficou no cargo de abril de 2019 a junho de 2020. A gestão de Weintraub foi marcada por diversas declarações polêmicas e embates do ministro com setores da sociedade.
Weintraub dedicou parte de sua passagem pelo MEC às ideias identificadas com as alas mais radicais, criando mal-estar com as universidades federais em várias ocasiões.
Em uma dessas situações, disse que havia nas instituições plantações “extensivas” de maconha. Em outra, disse que iria “caçar um pessoal” que fica “fazendo balbúrdia”. Foi uma referência a uma greve estudantil na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
No vídeo da reunião ministerial de 22 de abril de 2020, divulgado por decisão judicial, Weintraub aparece defendendo a prisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e chamando os ministros de “vagabundos”. Weintraub é alvo do inquérito que apura ameaças aos ministros do tribunal.
Outro inquérito foi aberto para investigar Weintraub, desta vez por suspeita de crime de racismo. Em uma postagem nas redes sociais, acusou a China de atuar para se beneficiar propositalmente da pandemia do novo coronavírus e ironizou a forma como alguns chineses trocam a letra “R” pela letra “L” quando falam em português.
As polêmicas foram:
- declaração de um título de doutorado na Argentina, que não foi obtido;
- denúncia de plágio na dissertação de mestrado da Fundação Getúlio Vargas (FGV);
- declaração de título de pós-doutorado na Alemanha, não realizado;
- apoio de empresa no pós-doutorado, não obtido;
- vínculo como professor da FGV, quando na verdade ele é colaborador.
Decotelli não chegou a tomar posse, somente foi nomeado. Ele pediu demissão no dia 30 de junho e incluiu no currículo que foi ministro da Educação.