Na Robert Walters, multinacional inglesa de recrutamento, o tempo médio para preencher uma vaga no mercado financeiro caiu à metade neste ano
Ana Paula Ribeiro e Leo Branco
Enquanto o número de desempregados no país continua na casa dos 12 milhões e a economia patina, o bom desempenho do mercado financeiro transforma o setor quase num oásis de prosperidade. Mais de R$ 75 bilhões foram captados por empresas que fizeram ofertas de ações desde janeiro deste ano. Trata-se do maior valor desde 2010, ano da megacapitalização da Petrobras, que movimentou mais de R$ 120 bilhões para o pré-sal. Nos primeiros dez meses de 2019, foram criados mais de 1.300 novos fundos, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Eles receberam mais de R$ 228 bilhões em investimentos, um aumento 174,4% em relação a 2018 — ambos os números representam recorde. Esse dinheiro, que entrou no mercado, sobretudo, transferido de aplicações que antes rendiam atreladas à Selic (como é o caso dos CDBs) e à poupança, ajuda a explicar por que os equívocos e as derrapadas do governo Bolsonaro não amainaram o entusiasmo e o otimismo de investidores brasileiros.
Ao contrário de anos anteriores, desta vez trata-se de aumento do número de funcionários, não apenas de reposições. Somente no banco Plural, há 100 vagas em aberto. A operação brasileira do Bank of America também está entre as que começaram a procurar executivos para o reforço de seus times. Na Robert Walters, multinacional inglesa de recrutamento, o tempo médio para preencher uma vaga caiu à metade neste ano. “O mercado financeiro opera num ritmo de otimismo total”, disse Kevin Gibson, responsável pela operação brasileira.