Ministra esteve em Goiânia na manhã desta quarta-feira (19) para participar do lançamento da Campanha de Prevenção ao Suicídio e Automutilação da Criança e do Adolescente, na Alego
“Conheci o inferno do inferno. Por noites eu não dormia”. Este foi um dos relatos da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, sobre casos de suicídio e automutilação de jovens. Ela esteve na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), na manhã desta quarta-feira (19) para o lançamento nacional da Campanha de Prevenção ao Suicídio e Automutilação da Criança e do Adolescente.
A ministra afirmou que teve acesso a 72 grupos de whatsapp com crianças e jovens que planejavam se machucar. “O universo online está incitando nossos jovens a se matarem e machucarem. Participei de grupos com nomes de “anjos suicidas”, “anjos de morte” e “suicídio”. Criei um personagem para descobrir o que acontecia. Vi coisas que vocês não imaginam”, disse. Segundo ela, pais e mães precisam assumir a responsabilidade. “Somos papais e mamães antes de sermos amigos. Não tem isso de agradar filhinho, não temos que implorar amor. Temos que ter acesso ao que nossos filhos fazem nas redes sociais”.
Damares ressaltou a importância da união das mais variadas esferas da sociedade para combater e prevenir esse tipo de situação. E convocou a “nação cristã” e autoridades para “lutar em favor da vida”.”Pessoas incríveis estão se suicidando, e o efeito dominó provocado por isso é motivo de muita preocupação. Essa nação que se autodeclara cristã tinha que ser a nação zero suicídio. Tem alguma coisa acontecendo. Tem uma nuvem de morte sobre essa nação. Mas ela vai se dissipar porque vamos unir no Legislativo, no Executivo, a comunidade, o Ministério Público e o Judiciário. Vamos dizer: ‘nós acolhemos a vida’, declarou.
Dados não-oficiais
De acordo com Damares, cerca de 120 mil pessoas tentam suicídio por ano no Brasil. “12 mil cometem suicídio. É uma realidade e está acontecendo. Não é lenda”. Apesar de apresentar números, a ministrar disse que não são oficiais, já que a notificação dos casos de suicídio e automutilação não eram obrigatórios até pouco tempo. Segundo ela, o Congresso Nacional aprovou em março deste ano a lei nº 13.819, que torna obrigatório o registro e notificação das ocorrências e das tentativas.
“Nós amargamos o oitavo lugar no mundo em suicídio e com essas notificações é possível que estejamos entre os cinco primeiros do mundo. Esse recorde eu não quero para a minha nação. Nós queremos ser o último lugar. Na verdade, não queremos estar neste ranking, gostaríamos que não tivesse suicídio em nosso país. É notório que o que está acontecendo a família está fragilizada, teremos que fortalecer a família no Brasil”, disse.
Lançamento da Campanha
Segundo a ministra, Goiás foi selecionado para ser sede do lançamento da campanha por dois motivos: é um estado vizinho de Brasília e devido ao número de casos na região do Entorno do Distrito Federal, que têm uma “realidade assustadora”. “Meninos e meninas se machucando. Crianças, jovens e adolescentes se ferindo e cometendo suicídio. Professores e escolas têm nos procurado no Ministério para relatar esses casos. Então, por termos acesso aos números não oficiais de forma mais rápida, entendemos a necessidade de começar por este Estado”, justificou.
A campanha é uma iniciativa do Ministério da Saúde, Ministério da Educação e do Ministério do qual Damares é titular, e conta com o apoio da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), que vai treinar professores. “Vamos trabalhar os Conselhos, depois os professores, a comunidade escolar e a sociedade em geral. O tema está na mesa e ninguém está sabendo como lidar com ele, por isso o treinamento será estendido a toda sociedade que queira trabalhar essa temática”. A campanha conta ainda com atendimento por telefone pelo Disque 100, além de alunos de licenciatura e psicologia de faculdades privadas, que vão auxiliar o treinamento, com uma tutoria da ABP.
Homenagem
Além do lançamento da campanha, foi entregue à ministra a Medalha do Mérito Legislativo Pedro Ludovico Teixeira, maior honraria da Alego. A ministra Damares e promotores de Justiça do Ministério Público de Goiás, que atuaram na prisão do médium João de Deus foram agraciados.
Entre os contemplados estão o procurador-geral de Justiça do Ministério Público, Aylton Flávio Vechi, e os promotores de Justiça Ariane Patrícia Gonçalves, Augusto César Borges, Cristiane Marques, Gabriella de Queiroz Clementino, Luciano Mirando Meireles, Patrícia Otoni Periera, Paula Moraes de Matos, Paulo Eduardo Penna Prado, Renata Caroliny Ribeiro, Steve Gonçalves Vasconcelos e Thiago Galdino Placheski.
“Foi uma honra e uma surpresa receber a honraria. Eu sabia que os promotores iriam receber por este trabalho orgulha não só Goiás, mas o Brasil e o mundo. Eles fizeram um trabalho não apenas para prender um criminoso, mas para salvar vidas. Receber esta homenagem nos faz caminhar e me faz acreditar que estamos no caminho certo”, disse Damares. A proposta da sessão foi do deputado estadual pastor Jeferson Rodrigues (PRB)