Em entrevista ao g1, Oswaldo dos Santos Lucon confirmou saída.
Por Carolina Dantas, g1
O coordenador-executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, Oswaldo dos Santos Lucon, pediu demissão do cargo nesta terça-feira (2), ainda no início das negociações da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas — COP26. Ele foi nomeado para a função ainda em maio de 2019 pelo presidente Jair Bolsonaro.
“O Fórum tem um objetivo na sua criação e eu não consegui cumpri-lo. Se ele não está sendo cumprido, é capaz de existirem pessoas melhores que eu para fazer isso”, disse Lucon ao g1, por telefone. Ele está em Glasgow, na Escócia, onde está ocorrendo a conferência climática.
Questionado sobre algum impedimento externo que possa ter dificultado o trabalho, o agora ex-coordenador disse que “ninguém o impediu e que tampouco é uma questão de competência”.
“Aqui na COP eu sou politicamente neutro. Não vou fazer nenhuma crítica ao governo, ou a ninguém, não vou fazer. Mas a COP poderia ser melhor aproveitada. Eu tentei, mas eu não consegui”, disse.
Segundo Claudio Angelo, do Observatório do Clima, rede de 70 organizações da sociedade civil, Lucon “é um grande cientista, um especialista muito competente”.
“Por conta disso, o Fórum não conseguiu dinheiro, não conseguiu interlocução com o governo federal e virou uma peça decorativa no governança climática brasileira”, completou.
Oswaldo Lucon é integrante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), organização científico-política criada em 1988 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e da Organização Meteorológica Mundial. Ele também é assessor para mudanças climáticas da Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo e é pesquisador do tema.
O Fórum Brasileiro de Mudança do Clima é um comitê híbrido, ou seja, tem membros da sociedade civil e do governo, tendo à sua frente o presidente do país. Foi criado com o objetivo de fazer deliberações e orientar sobre as políticas do clima no país.