Médico conta que grupo estava em ‘alegria intensa’ devido à pescaria e vendaval foi no fim do churrasco.
Por Nadyenka Castro e Renata Fontoura, g1 ms
“Deu uma chacoalhada no barco. Dois segundos depois virou igual filme, aquela coisa de balançar”, resume o médico-urologista Geovanne Furtado Souza, um dos sobreviventes ao naufrágio de um barco-hotel, ocorrido durante um vendaval na tarde dessa sexta-feira (15), no rio Paraguai, Pantanal de Mato Grosso do Sul. Sete, das 21 pessoas a bordo, morreram.
Geovanne, o pai dele, Geraldo Alves de Souza, de 78 anos; o tio Olímpio Alves de Souza, de 71; o sobrinho e afilhado, Thiago Souza Gomes, de 18 anos, e o cunhado Fernando Gomes de Oliveira, de 49 anos, pescavam no Pantanal com mais seis pessoas desde o dia 9.
Na sexta-feira, quando estavam a cerca de 10 quilômetros do porto de Corumbá, em momento de comemoração, o barco virou. Geovanne perdeu o pai, o tiro, o sobrinho e o cunhado.
“Estávamos voltando de uma pescaria familiar […] Chegando em Corumbá, uma hora para voltar, armamos um churrasquinho. Calor enorme e churrasqueira. Foi fim de pescaria, aniversário do meu pai no dia anterior, meu sobrinho e afilhado e neto dele [de Geraldo], tinha pescado pela primeira vez um dos maiores peixes. Estávamos brincando, tirando foto. Uma festa, uma alegria intensa”, fala o médico sobre os momentos que antecederam o acidente.
Quando finalizavam a confraternização e se preparavam para arrumar as malas, o barco virou. “Meu pai foi descansar. Na sala de televisão vi a chuva longe. De repente, umas goteiras no barco […] Estava eu, ele [um primo] e o garçom. Deu uma chacoalhada no barco. Caiu um pirex de arroz que comemos. Dois segundos depois o barco virou igual filme. Aquela coisa de balançar”, descreve.
Marinha e Corpo de Bombeiros junto à embarcação que naufragou em Corumbá — Foto: Caio Tumelero/TV Morena
Acidente
De acordo com a Polícia Civil, 12 homens – entre parentes e amigos – estavam no Pantanal desde o dia 9 de outubro. Eles contrataram a embarcação no Porto Limoeiro e saíram para pescaria, com mais nove tripulantes, em direção ao Paraguai Mirim, região do Castelo, e depois para o Bonfim, onde permaneceram boa parte do tempo.
Quando se aproximavam da cidade de Corumbá e no momento que faziam um churrasco, os ventos ficaram fortes e a embarcação virou. Outros 17 municípios de Mato Grosso do Sul também foram atingidos por temporal.
Vítimas
Goianos ficam desaparecidos após naufrágio no Pantanal — Foto: Arquivo Pessoal/Thamiris Furquim
Quando o barco virou, 14 pessoas conseguiram nadar e foram resgatadas por um navio do Exército Brasileiro que passava por lá no momento.
Entre as vítimas, cinco são de Rio Verde de Goiás (GO), que é a família de Geovanne. Outra de São José do Rio Preto (SP). A maioria delas foi encontrada morta na manhã deste sábado (16).
Entre as vítimas, o comandante do barco, Vitor Celestino Francelino, de 64 anos. Ele comandava a embarcação há cerca de 20 anos. Era funcionário do grupo que pescava, o qual mantinha o veículo em Corumbá há 25 anos.
O corpo da última vítima foi encontrado no fim do dia, porém, devido à dificuldade de acesso, ainda não foi retirado.
“Ela está num local de difícil acesso dos mergulhadores. Estamos traçando algumas estratégias para poder alcançar e resgatar essa que é a sétima vítima a ser resgatada pelo Corpo de Bombeiros de Mato Grossos do Sul”, explica o capitão Rodrigo Alves Bueno.