Luís Felipe Belmonte ganhou notoriedade quando atuou na montagem do partido Aliança pelo Brasil, que receberia o presidente Jair Bolsonaro. Só que o projeto não vingou. Depois, o empresário se tornou dirigente do Partido Social Cristão (PSC) no Distrito Federal.
Luís Felipe relatou à PF, em depoimento, que o próprio Jair Renan Bolsonaro e o então parceiro de negócio Allan Lucena pediram para que ele contribuísse financeiramente para a reforma do escritório ocupado pelo filho do presidente.
O Globo entrou em contato com a arquiteta Tânia Fernandes, que foi responsável pela obra na sala comercial, e ela confirmou os recursos repassados por Luís Felipe.
“Foi isso mesmo. Eu fiz o contrato de reforma do camarote, com o que seria feito, e ele (Belmonte) fez a transferência. Depois, gerei o recibo de pagamento e executei a obra conforme estava planejado. Foi uma reforma simples e rápida. Foi mais pintura geral, um pedaço de parede de gesso, ajustes de elétrica, polimento da pedra que já tinha, instalação de iluminação simples e instalação de um piso flutuante de compensado imitando madeira. Neste orçamento, foi feito o pagamento de materiais e mão de obra. É mais uma maquiagem do local, pois obra mesmo do tipo estrutural, ou alterações não ocorreu.”
Ela ressaltou que outros elementos, como mobílias, foram custeados por patrocinadores.
“No final, prestei contas e gerei o recibo de pagamento, como todo profissional faz. O resto de materiais, como mobílias, móveis, painéis, plantas e placas da logo deles, foi de patrocinadores de outras empresas, que foram passadas para mim e eu só defini o tipo, cor e tamanho. A tratativa ou acordos não foram comigo. Só defini, mediante catálogos, o que ficava bom lá dentro.”
A PF teve acesso ao comprovante de pagamento feito à arquiteta Tânia Fernandes.
A polícia também conseguiu um áudio enviado por Luís Felipe no qual ele afirmou que não gostaria que fosse gerada uma nota fiscal de pagamento.
“Então, a nota fiscal não precisa. Porém, se ela desejar passar, pode passar, sim. Fica a critério dela. Mas não precisa. Tendo o contrato certinho, fica tudo ok”, relatou Belmonte, segundo a transcrição da PF.
A polícia também questionou Luís Felipe se ele pediu a Jair Renan Bolsonaro para que intermediasse os seus interesses comerciais junto ao governo federal. Ele respondeu que não possui nenhum negócio que envolva o poder público e ressaltou que não houve nenhuma contrapartida ao pagamento.
Luís Felipe Belmonte também destacou que, se precisasse falar com o presidente, “trataria diretamente, não seria por intermédio do sr. Jair Renan”.
Allan Lucena não se manifestou sobre o caso até o momento.