Jornal do Peninha

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Faeg vê abalos “mínimos” da guerra sobre exportações de carne em Goiás

Desdobramentos do mercado são analisados

Apesar de exercer forte impacto sobre as importações, principalmente de fertilizantes, a guerra entre Rússia e Ucrânia não deve afetar o mercado de exportações de carne de Goiás e do Brasil. Em entrevista exclusiva ao jornal A Redação, o analista de mercado pecuário Marcelo Penha, do Instituto para Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), ligado à Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), argumenta que a participação dos russos na exportações brasileiras é “mínima” e não deve alterar significativamente os resultados obtidos pelos brasileiros. “O nosso mercado mais forte é com a China”, reforça.

Como mostram dados da Balança Comercial de Goiás de 2021, entre janeiro e dezembro, os chineses, de fato, foram os principais importadores de insumos do Estado – mais de 40% das exportações goianas foram destinadas à China, que incrementou quase 4 bilhões de dólares na economia goiana. No entanto, em âmbito nacional, há um possível entrave. “No ano passado, a Rússia sinalizou que aumentaria a importação de carnes bovina e suína do território brasileiro e ficou acordado que os russos comprariam 200 mil toneladas de carne bovina e 100 mil de carne suína”, acrescenta Penha.

A guerra pode representar um obstáculo para o avanço deste pacto firmado, que, na visão do analisa do Ifag, aumentaria a relação de exportação do Brasil para a Rússia e, certamente, envolveria também o Estado de Goiás. Em 2021, segundo dados do Comex Stat, levantamento realizado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), os goianos ficaram em terceiro no ranking de principais exportadores de carne bovina do País. “O impacto atual é mínimo porque a Rússia representa, como mostram dados de janeiro e fevereiro de 2022, apenas 1,8% da exportação de carne no Brasil”, reitera o especialista.

Apesar de um possível comprometimento do avanço na relação de exportação entre Rússia e Brasil, as negociações com outros países segue a todo vapor. Como mostram dados da Comex Stat, o agronegócio, de maneira ampla, avançou durante o ano passado e dá sinais de mais crescimento em 2022: numa comparação entre janeiro do ano passado e deste ano, a alta nas exportações agropecuárias foi de 57,5% – um salto de 5,6 bilhões de dólares exportados no referido mês em 2021 para 8,8 bilhões de dólares em 2022, no mesmo período.

Onde mora o problema
Como mostrou o jornal A Redação, os principais prejudicados nesse cenário caótico devem ser os agricultores, pois a Rússia é um dos principais exportadores de fertilizantes para o Brasil e foi o quinto País que mais vendeu insumos para Goiás, grande comprador de fertilizantes, em 2021. Em entrevista recente ao AR, o coordenador do Ifag, Leonardo Machado, revelou que o preço dos fertilizantes chegou a subir pelos menos 15% ainda na primeira semana de ataques contra a Ucrânia.

“A tendência cambial passou por uma reversão nas últimas semanas. A tendência era de baixa e, agora, passou para uma alta no câmbio – o que pressiona o preço dos fertilizantes. Com certeza, esse quadro é agravado pelo fato da Rússia e Bielorrúsia serem grandes exportadores de fertilizantes principalmente para o Brasil”, explicou Machado. Para o coordenador, o aumento tem, sim, relação com a guerra.