Parentes disseram que Cristianny Fernandes de Sousa, de 30 anos, se mudou para tentar melhores condições de vida para as filhas, após receber proposta de emprego. Por causa da pandemia, familiares estão tendo dificuldade para encontrar funerária para traslado.
Fonte: G1 Goiás
A família de Cristianny Fernandes de Sousa, de 30 anos, que disse que ela morreu por causa de um câncer no útero na Bélgica, está lutando para trazer o corpo dela para sua cidade natal, Aragoiânia, na Região Metropolitana da capital. Os parentes contam que, antes de morrer, ela sofreu uma série de abusos e foi mantida em cativeiro por um homem de cidadania portuguesa que havia lhe oferecido emprego.
O G1 tenta contato com o Itamaraty por e-mail desde às 15h28 de segunda-feira (10), questionando se já foram notificados sobre o caso, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Segundo a amiga Kelly Miranda, a família está tentando encontrar uma funerária que faça o traslado do corpo, mas não está conseguindo por causa da pandemia. A morte foi confirmada à família no domingo (9).
“É mais fácil trazer a cinza, mas a nossa cultura goiana é de enterrar o corpo. Tem lugar que é normal, mas para a gente não é. Então, eles [família] querem lutar para tentar trazer”, disse a amiga.
Cristianny Fernandes de Sousa, de 30 anos, em Bruxelas — Foto: Reprodução\Facebook
Em nota, a Secretaria de Assuntos Internacionais do Governo de Goiás afirmou que foi notificada sobre a morte da goiana e que o processo de solicitação do auxílio funerário está em fase preparatória. No entanto, a pasta adiantou que a cobertura financeira corresponde ao valor referente à cremação do cadáver no local do óbito e despesas com o traslado de cinzas das vítimas.
O governo disse ainda que é possível que os parentes consigam utilizar o valor que seria referente à cremação e complementar o restante junto à funerária responsável para trazer o corpo em urna.
Cárcere e abusos sexuais
Sobrinha de Cristianny, Clea Gonçalves de Sousa, de 30 anos, contou que a tia se mudou para a Europa em outubro de 2019, após receber uma proposta de emprego na área de limpeza por parte de um homem, de cidadania portuguesa, que havia conhecido pela internet. Segundo a parente, ela sonhava dar melhores condições de vida para as filhas, de 5 e 9 anos, que ficaram em Goiás.
Ela relatou que este português pagou as passagens de Cristianny e, depois que ela desembarcou em Bruxelas, a manteve em cárcere privado na casa dele.
“Ela chegou a relatar para a gente que havia sido estuprada pelo português que tinha feito a proposta de emprego. Ela disse que foram várias vezes”, contou a sobrinha.
“Ficou fechada por um dia. No outro dia ele a soltou, mas falou que não era para ela sair ou que se ela falasse alguma coisa a mataria. No primeiro estupro, ela disse que já ficou machucada, com muita dor e ele não quis medicá-la. No segundo dia, piorou bastante, foi quando uma moça a ajudou fugir”, contou.
De acordo com a sobrinha, no início do ano passado, a tia foi diagnosticada com o câncer, o qual acreditava ser em decorrência da infecção causada pelos abusos. Desde então, ela lutava contra a doença. A parente explicou ainda que, nos últimos meses, o quadro se agravou e a tia ficou acamada.
“Ela lutou muito, fez quimioterapia e radioterapia, mas há dois meses estava muito debilitada. Ela disse que não tinha mais forças, não respondia ao tratamento”, contou.