Algumas pessoas preferem manter a proteção
Amiga de Keila, Luciana Aparecida Martins, de 35 anos, também sorri durante a entrevista, mas com os olhos. Ela decidiu continuar usando máscara porque é cuidadora de uma idosa no Setor Sul. “É uma questão de responsabilidade mesmo. Tenho que minimizar o risco de contrair e transmitir o vírus”, avalia.
Keila e Luciana representam duas realidades que coexistem na capital goiana desde 1º de abril, quando passou a valer o decreto da Prefeitura de Goiânia que desobriga o uso de máscara em locais fechados. A medida, tomada por todas as capitais do Brasil, com exceção de Belém, foi amparada pela queda no número de internações provocadas pela covid-19.
Um mês após a liberação da máscara, o técnico da Diretoria de Políticas Públicas da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS), médico Sérgio Nakamura, avalia a decisão como acertada. “O quadro de diminuição de casos, internações e óbitos por covid-19 vem se mantendo. Foi uma decisão acertada, para a vida voltar ao normal”, explica o especialista.
Sérgio Nakamura destaca que Goiânia vem registrando média de 100 casos confirmados de covid-19 por dia, “número muito próximo da menor série histórica durante toda a pandemia”. “Antes do decreto (que libera o uso de máscara) tínhamos, em março, uma média de 500 casos por dia. E a média móvel em 14 de abril foi de 142 casos, uma redução de 59% em relação a 14 dias antes”, pontua.
Segundo o técnico da SMS, foram registradas de 1º a 29 de abril 14 internações por covid-19 na rede pública municipal, sendo oito delas de pessoas que residem em Goiânia. No mês anterior, 56 habitantes da capital foram internados em razão da doença. O número é baixo se comparado ao pico de internações na rede, ocorrido em março de 2021: foram 1.467 pessoas, incluindo do interior do Estado, hospitalizadas em Goiânia, sendo 1.299 que vivem na capital.
“Abril (de 2022) é o mês que teve menos casos de internações por covid-19 em Goiânia em toda a série histórica. Mês de menos casos, internações e mortes”, diz Dr. Nakamura. O médico atribui o arrefecimento da pandemia e consequente “desafogamento” da rede pública municipal de Saúde ao avanço da vacinação. “Temos uma cobertura vacinal superior à cobertura do Estado de Goiás”, diz.
Vacinação
Dados do Vacinômetro, disponível no site da Prefeitura de Goiânia, apontam que até o dia 20 de abril 84,7% da população vacinável acima de 5 anos havia recebido a primeira dose da vacina contra a covid, e 78,1% receberam segunda dose e dose única, num total de 2.871.317 doses aplicadas.
A Prefeitura oferece testagem gratuita à população diariamente, mas houve queda na procura pelo serviço. Sérgio Nakamura diz que isso é reflexo da “diminuição de casos sintomáticos”. “Houve redução na procura (pelo teste), mas também na positividade. A maioria dos casos testados hoje tem resultado negativo”, justifica.
A melhora no cenário epidemiológico na capital não apaga o passado recente de dor e sofrimento enfrentado por milhares de famílias goianienses. Desde o início da pandemia de covid-19, há dois anos, Goiânia registra 313.484 casos e 7.533 mortes pela doença. No último mês de março, foram 53 óbitos; e neste mês de abril, até dia 28, nove. Isso significa que a doença continua fazendo vítimas, por isso, não deve ser subestimada.
“As mortes e casos graves reduziram drasticamente, mas temos que tomar cuidado porque o vírus continua circulando. É sempre bom evitar aglomerações, e usar máscara em ônibus, escolas e unidades de saúde. A recomendação vale, principalmente, para pessoas vulneráveis”, finaliza Sério Nakamura.