Decretos que regulamentam a Lei de Reciprocidade e a criação de comitê para reação à supertaxação dos EUA sairão entre esta 2ª e 3ª
Augusto Tenório/Maria Eduarda Portela
O governo federal terá duas agendas separadas, uma com representantes da indústria e outra com nomes do agronegócio, para desenhar a resposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à taxação de 50% anunciada pelo governo dos Estados Unidos contra o Brasil. O grupo que estuda a resposta do Planalto é coordenado pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que garantiu nesta segunda-feira (14/7) que o diálogo com os setores produtivos será permanente.
Às 14h, será a vez da agenda com os representantes do agronegócio. Serão nomes de setores de suco de laranja, carnes, frutas, mel, couro e pescados. Nesse caso, também foram convidados à mesa o Ministério da Agricultura e Pecuária, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Ministério da Pesca.
“Não vai se limitar a amanhã, vamos dar continuidade a esse trabalho. Também convidaremos empresas americanas, porque há a integração de cadeia. Somos o 3º comprador do carvão siderúrgico dos Estados Unidos. Fazemos o aço semiplano e vendemos para os EUA, que faz o produto acabado, o motor, o automóvel. Então há uma integração. As empresas americanas também serão atingidas. Então vamos conversar com as companhias, entidades e Câmara Americana de Comércio (Amcham)”, disse Alckmin.
Ainda de acordo com o vice-presidente, os decretos relacionados à reação brasileira à tarifa de 50% anunciada devem sair ainda nesta segunda-feira, em edição extra do Diário Oficial, ou na publicação desta terça-feira (15/7). Um vai regulamentar a Lei de Reciprocidade Econômica, aprovada pelo Congresso no primeiro tarifaço de Trump, e outro vai detalhar a criação do comitê para analisar o cenário junto aos setores.
Lula quer aproximação com empresários
O governo espera que o comitê e o esforço conjunto para encontrar uma saída de proteger o mercado brasileiro ajude o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a inaugurar um novo momento de aproximação com o empresariado brasileiro. A relação do setor produtivo com o Planalto não foi boa até o momento deste terceiro mandato do petista, principalmente após a crise do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e o pacote arrecadatório enviado pela Fazenda.