Em viagem a Portugal, o presidente eleito afirmou ser ‘importante que a gente tome cuidado para não ser vítima da especulação’…
Fonte: Carta Capital
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira 18, durante visita a Portugal, que seu governo será “responsável do ponto de vista fiscal, sem precisar atender tudo o que sistema financeiro quer”. Disse também não haver “razão para esse medo e essa flutuação da Bolsa” e ser “importante que a gente tome cuidado para não ser vítima da especulação”.
No acumulado desta semana, o dólar fechou em alta de 0,73%, enquanto o Ibovespa caiu 3,01%. A nova etapa dessa reação de investidores ocorreu após a apresentação da minuta da PEC da Transição e depois de Lula afirmar que “não adianta ficar pensando só em dado fiscal, mas em responsabilidade social”.
“Fico chateado quando vejo sinais de ‘olha, qual é a política fiscal?’. Tenho dito que ninguém tem autoridade para falar de política fiscal comigo, porque, durante todo o meu período de governo, fomos o único país do G20 a fazer superávit primário nos 8 anos do meu mandato”, declarou Lula após reunião com o primeiro-ministro português, António Costa. Mais cedo, o petista se encontrou com o presidente Marcelo Rebelo de Sousa, em Lisboa.
Lula também defendeu a possibilidade o País gerar uma dívida para “construir um ativo novo”, desde que a medida ocorra “com responsabilidade, para que o País volte a crescer”.
“Vou cuidar do povo brasileiro com muito respeito e autoridade. Digo em alto e bom som: tenho um compromisso com o povo e vou cuidar desse povo como jamais alguém cuidou. Vou aumentar o salário mínimo todo ano, vou voltar a gerar emprego e vamos voltar a ser responsáveis do ponto de vista fiscal, sem precisar atender tudo o que sistema financeiro quer.”
Na quinta 17, os economistas Arminio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan divulgaram uma carta aberta aberta a Lula em que criticaram declarações recentes do presidente eleito sobre responsabilidade fiscal. O texto foi publicado pelo jornal Folha de S.Paulo.
“Acredite que compartilhamos de suas preocupações sociais e civilizatórias, a sua razão de viver. Não dá para conviver com tanta pobreza, desigualdade e fome aqui no Brasil. O desafio é tomar providências que não criem problemas maiores do que os que queremos resolver”, diz um trecho da redação.
Questionado sobre a carta nesta sexta, Lula afirmou não tê-la lido, mas se disse “muito humilde” ao lidar com conselhos. Também afirmou ter se sentido “feliz” ao ser informado sobre o teor do texto. Ele elencou avanços de seus dois governos na geração de empregos, no controle da inflação e na redução da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto.
“De vez em quando, aparecem umas notícias na imprensa, um nervosismo na bolsa, que não há explicação de ser”, completou.