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“Hoje começa uma nova era na Argentina”, disse Milei em discurso de posse

Presidente foi eleito em novembro

O presidente da Argentina, Javier Milei, iniciou seu discurso de posse afirmando que neste domingo (10/12), o país dá por terminada uma longa e triste história de decadência e recomeça o caminho da reconstrução do país. Segundo ele, “os argentinos, de forma contundente, expressaram uma vontade de mudança que já não tem retorno, e não há retorno”.

“Hoje enterramos décadas de fracasso e disputas sem sentido. Brigas que em que a única coisa que conseguiram é destruir nosso querido país e nos deixar na ruína. Hoje começa uma nova era na Argentina, uma era de paz e prosperidade, era de crescimento e desenvolvimento. Era de liberdade e progresso”, continuou. 

O presidente argentino afirmou que por mais de 100 anos os políticos defenderam um modelo “que só gera pobreza, estancamento e miséria; um modelo que considera que cidadãos estão para servir a política, e não que a política serve para servir aos cidadãos”. Em discurso, Milei afirma que “este modelo fracassou no mundo todo”, principalmente na Argentina.

Kirchnerismo
Aos apoiadores, Milei ainda afirmou que “nenhum governo recebeu uma situação do que estamos recebendo”, mencionando que o kirchnerismo no começo dizia ter superávits recordes e hoje deixa déficits de 17% do PIB. “Ao mesmo tempo, desses 17% do PIB, 15% correspondem ao déficit consolidado entre o Tesouro e o Banco Central, portanto não há solução viável sem que ataque déficit fiscal”, afirmou.

Milei disse que a Argentina fará um ajuste fiscal de 5% do PIB que, diferentemente do passado, cairá sobre o Estado, e não sobre o setor privado, e que a troca cambial, outra herança do governo, constitui um “pesadelo social e produtivo, porque implica altas taxas de juros, baixo nível de atividade, pouco emprego formal, e salários miseráveis que impulsionam o aumento de pobres indigentes”.

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Outra herança do governo anterior, segundo Milei, foi uma inflação a níveis de 15.000% ao ano, cujo combate deve ser “prioridade máxima”, para “evitar uma catástrofe que levaria a pobreza acima de 90% e a indigência acima de 50%, portanto não há solução alternativa para o ajuste fiscal”. Milei afirmou que “haverá inflação, mas não é algo diferente do que aconteceu nos últimos 12 anos”. Segundo ele, o PIB per capta caiu 15% nos últimos 12 anos, em um contexto em que se acumulou 5.000% de inflação na Argentina. “Portanto, há mais de uma década vivemos com essa inflação. Portanto esse é o último momento ruim para começarmos com a reconstrução da Argentina”, acrescenta o chefe do Executivo.

Problemas
Temas como educação (só 16% das crianças se formam na escola no tempo certo), saúde (argentinos não tem acesso à saúde básica) e militar (forças de segurança foram abandonadas durante décadas) foram apontados como problemáticos por Milei. Contudo, neste domingo (10/12), o chefe do Executivo disse que a Argentina volta a abraçar as ideias de liberdade, na definição do liberalismo, em direção à prosperidade. “Desafio que temos são enormes, mas também temos capacidade para superá-los. Não será fácil, 100 anos de fracasso não são solucionados em um único dia. Mas começa em um dia, e esse é o dia”, afirmou.

Ele destacou que seu governo será baseado na definição do liberalismo, que é “respeito ao próximo, baseado no princípio de não agressão, em defesa a vida, liberdade da propriedade privada, livre concorrência, divisão do trabalho e social”. Para o presidente argentino, o governo marca um novo contrato social que propõe “um país diferente, um país em que o Estado não dirige nossas vidas, mas que cuide de nossos direitos”.

Segundo ele, “um país em que, quem faz, paga”. Milei encerrou seu discurso com o seguinte trecho: “Que Deus abençoe a Argentina, e que a força dos céus os acompanhe nesse desafio. Muito obrigado. Será difícil, mas vamos conseguir. Viva à liberdade, caramba! Viva à liberdade, caramba! Viva à liberdade, caramba!” A última frase, repetida três vezes, foi lema da campanha da corrida presidencial de Milei.