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Mais jogadores, escritório e lavagem de dinheiro: veja planos do grupo acusado de manipular jogos

Conversas mostram que grupo acreditava que número de jogadores envolvidos ia aumentar até o fim do ano. Diálogo entre Bruno Lopez e Ícaro Fernando indicava planejamento das apostas.

Michel Gomes e Gabriela Macêdo – g1 Goiás

Conversas de um grupo encontradas no celular de Bruno Lopez, acusado de chefiar as fraudes em manipulação de resultados de jogos de futebol, indicavam planos para aumentar o esquema, como lavagem de dinheiro e a expectativa de atrair mais jogadores. Segundo o Ministério Público de Goiás (MPGO), tudo indica que os acusados planejavam concentrar as atividades em um escritório.

Os prints são do dia 10 de fevereiro deste ano. Na conversa, Bruno enviou o vídeo de uma sala, explicou como deveria funcionar e até o valor do aluguel. Logo em seguida, Ícaro Fernando, também entre os acusados, disse que, dando certo, em breve já estariam lá.

“Sala nessa pegada. Ali na avenida do Society. R$ 1,7 mil mensal. Prédio comercial. Tá ruim? Depois da primeira já migramos pra lá, até ter mais estrutura”, disse.

Conversa entre Ícaro Fernando e Bruno Lopez, acusados de manipulação em jogos de futebol — Foto: Reprodução/MPGO

Conversa entre Ícaro Fernando e Bruno Lopez, acusados de manipulação em jogos de futebol — Foto: Reprodução/MPGO

Bruno respondeu que a sala seria usada para receber jogadores, assessores e reuniões. No diálogo, os dois falam sobre a organização do esquema no escritório e que naquele fim de semana um pouco dos problemas deles acabaria e, depois [em uma data não precisa], ia fluir e poderiam até pagar antecipado os jogadores.

g1 não localizou a defesa de Ícaro até a última atualização desta reportagem.

Em nota enviada ao g1, a defesa de Bruno Lopez disse que, como na primeira fase da operação, o crime pelo qual Bruno é acusado “é exatamente o mesmo, mas por situações diferentes”. O advogado Ralph Fraga ainda afirmou que respeita o trabalho do Ministério Público e do Poder Judiciário, mas que vai se posicionar sobre as acusações formal e processualmente no momento oportuno (veja nota completa ao final da reportagem).

Manipulação de jogos de futebol: entenda como funcionava o esquema

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Planos para o escritório

Pela conversa, é possível ver que Ícaro chegou a dizer que era para evitar ao máximo falar por celular “para sair do flash”. Depois, Bruno planejou até a decoração do escritório.

Como a operação começou

A Operação Penalidade Máxima já fez buscas e apreensões nos endereços dos envolvidos. As investigações começaram no final de 2022, quando o volante Romário, do Vila Nova-GO, aceitou uma oferta de R$ 150 mil para cometer um pênalti no jogo contra o Sport, pela Série B do Campeonato Brasileiro. Romário recebeu um sinal de R$ 10 mil, e só teria os outros R$ 140 mil após a partida, com o pênalti cometido. À época, o presidente do Vila Nova-GO, Hugo Jorge Bravo, que também é policial militar, investigou o caso e entregou as provas ao MP-GO.