Jornal do Peninha

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Mercado de bicicletas tem alta no País e estimula novos negócios em Goiânia

Vendas cresceram 118% em julho

Fonte: AR

Em meio à pandemia do novo coronavírus e todas as dificuldades trazidas, um setor da economia tem o que comemorar no Brasil. O mercado de bicicletas segue com tendência de alta no País, com crescimento dobrado do comércio do equipamento.
Segundo dados da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), as vendas aumentaram 118% entre 15 de junho e 15 julho de 2020, com comparação ao mesmo período do ano passado. O aumento também foi registrado em maio, com 50%, e em junho, com 19%, também em comparação com o mesmo intervalo de 2019.
De acordo com a pesquisa, este aumento representa uma adesão maior à bicicleta desde o início da pandemia como uma solução para evitar as aglomerações do transporte público, seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Outro fator a ser considerado é o uso das bikes como uma alternativa de atividade física mais segura, já que é um esporte individual, sem contato físico e ao ar livre.

O mercado de bicicletas aqueceu durante a quarentena (Foto: Fábio Junkes/OCP News)
 
Levantamento da Aliança Bike mostra ainda que o perfil de consumo tem destaque para as chamadas “bicicletas de entrada”, com valores de R$ 800 a R$ 2 mil para o consumidor final. Estas bicicletas são utilizadas normalmente para transporte, lazer e exercícios físicos.
Mercado aquecido
Apaixonado por bicicletas e mesmo com familiares atuando do setor, o publicitário George Luiz Queiroz só entrou no mercado durante a pandemia. Ele, que trabalha com excursões de estudantes de comunicação a programas de auditório, viu sua renda praticamente acabar com a suspensão das viagens devido a interrupção dessas gravações.
“Tive que explorar outras áreas. Abri mão das excursões por algum tempo, precisei inclusive fazer um empréstimo para devolver o dinheiro dos clientes de uma viagem que precisou ser cancelada. Então, fiquei de mãos atadas, cheio de contas, e a única coisa que eu tinha aqui em casa era minha bicicleta e minha paixão por elas. Daí surgiu a ideia, comecei a vender bikes pelas minhas mesmo”, conta George.
 

George Luiz entrou no mercado de bicicletas devido à crise causada pela pandemia (Foto: Arquivo Pessoal)
 
O foco de George na venda de bicicletas usadas começou porque precisava vender as suas para pagar as dívidas. “Não foi nada muito planejado, trabalhar com bicicleta usada não foi opcional, foi a crise que me colocou para fazer. Se dependesse de mim, eu ainda teria minhas bicicletinhas aqui. Por bem ou por mal eu tive que iniciar esse negócio e vejo o quanto está dando certo”, explica.
O publicitário compra bicicletas usadas que tenham nota fiscal e estejam em bom estado, faz vistoria e revisão, e revende o equipamento já pronto para pedalar. “Eu deixo a bicicleta em perfeito estado, coloco as peças necessárias para que o cliente não tenha mais gastos, e vendo pela página do Instagram“.
Para George, a adesão cada vez às bicicletas é um movimento muito positivo, já que faz bem para o meio ambiente, para a saúde das pessoas e tem um excelente impacto no trânsito. O publicitário ressalta, entretanto, que, em sua opinião, as esferas públicas governamentais não têm acompanhado esse movimento. “Não temos políticas públicas voltadas para isso, tanto é que a maioria das trilhas é feita cortando o Cerrado. Não tem nada pensado pra gente. Na região central de Goiânia tem algumas ciclovias, mas são muito específicas. O sentimento dos ciclistas é de que estamos invadindo o trânsito”, diz.
Apesar disso, o publicitário afirma que tem esperança de que esse cenário possa ser modificado. “Tenho fé que esse movimento ganhe força e espaço em meio ao trânsito e até mesmo fora da cidade, em lugares turísticos porque há lugares excelentes para se pedalar e curtir a natureza. Se houver políticas públicas voltadas para isso, a gente pode ser o centro do Brasil não só na questão geográfica, mas também no cicloturismo”, ressalta.
Novos ciclistas
O engenheiro agrônomo Herivelte de Sousa (ao lado) sempre gostou de bicicleta quando era criança, mas nunca se interessou por longos pedais como esporte até este ano. Ele conta que tentou comprar uma bicicleta nova, mas o valor que poderia gastar não era compatível com o porte da bicicleta que queria.
“Procurei muito por uma bike nova, mas com dinheiro que eu tinha só seria possível comprar uma inferior aos modelos que eu queria. Então, optei por uma usada, no valor de R$ 2 mil”, explica.
Herivelte diz que, o que era um esporte no início, acabou se tornando uma rotina. “Vou de bicicleta para o trabalho de segunda à sexta e faço trilha em alguns finais de semana”, diz.
Os benefícios são visíveis. O engenheiro afirma que, além de economizar o valor que gastaria com combustível para o carro, o hábito lhe trouxe mais saúde. “Eu uni o útil ao agradável. Queria economizar e, ao mesmo tempo, para me dar uma qualidade de vida melhor. Emagreci bastante. Penso que todo mundo deveria pedalar pelo menos uma vez na semana para desestressar”, encerra.