Jornal do Peninha

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Ministro do Meio Ambiente defende mineração e se nega a assumir por erros por alta de desmatamento

Em entrevista à BBC News Brasil, Leite se recusou a responder se governo vai retirar apoio a projetos no Congresso que ampliariam desmatamento e não reconheceu erros na política ambiental que levaram à piora em todos os índices ambientais durante o governo Bolsonaro.

Nas COP26, a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, os negociadores brasileiros do Itamaraty tentaram passar ao mundo a imagem de que a política ambiental do Brasil mudou neste ano, principalmente após a saída, em junho, do então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

Para reforçar a ideia de um novo comprometimento na proteção da Amazônia, o Brasil assinou, durante a cúpula, um acordo sobre florestas que prevê zerar o desmatamento até 20230 e um compromisso de reduzir as emissões de metano em 30% até 2030.

Mas em entrevista à BBC News Brasil neste sábado (13), em Glasgow, na Escócia, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, não admitiu erros da política ambiental do governo, ao ser perguntado sobre a alta do desmatamento durante o governo Bolsonaro e se as promessas feitas na COP26 sinalizam um reconhecimento de equívocos e uma vontade de mudar a estratégia.

Ele ainda defendeu o que chamou de “mineração sustentável” como um dos caminhos para o controle das mudanças climáticas e se recusou a responder se o governo Bolsonaro vai retirar apoio projetos de lei no Congresso Nacional que integram o chamado “combo do desmatamento”.

Leite chegou a Glasgow na segunda (8) para participar das negociações da COP26, que reuniu 200 países na tentativa de chegar a um acordo para garantir a meta de limitar a 1,5ºC o aquecimento da Terra até 2100.

Setores econômicos e grandes exportadores brasileiros passaram a pressionar o governo por medidas capazes de melhora a imagem internacional do Brasil. A cada vez mais frequente associação de produtos do agronegócio brasileiro ao desmatamento já estaria prejudicando negócios. Por sua vez, o Itamaraty atuou para convencer o governo de que uma guinada na visão ambiental seria necessária para viabilizar parcerias econômicas internacionais, como o acordo de comércio entre Mercosul e União Europeia.

Dados do Inpe mostram aumento no desmatamento na Amazônia em outubro de 2021 em comparação com o ano passado. Área destruída é recorde para o mês desde o início da série histórica, em 2016. — Foto: Getty Images/Via BBC

 

 

 

 

 

 

Dados do Inpe mostram aumento no desmatamento na Amazônia em outubro de 2021 em comparação com o ano passado. Área destruída é recorde para o mês desde o início da série histórica, em 2016. — Foto: Getty Images/Via BBC

Mas, ao ser perguntado pela BBC News Brasil se o governo reconhece erros na política ambiental e se pretende mudar essa política, Leite se limitou a responder que o “desmatamento é um desafio” e que “todos os países têm desafios” na área do meio ambiente.

“O que Brasil fez foi fazer movimentos claros na direção dessa conferência do clima que fala de emissões. O que nós fizemos? Aumentamos a nossa ambição, antecipamos a nossa meta de zerar desmatamento ilegal até 2028 e aderimos ao acordo do metano”, disse, sem falar em erros ou mudanças na visão do governo na área do meio ambiente.

“O Brasil é um protagonista desse tema e tem um desafio, como todos os países tem um desafio ambiental. O nosso desafio é, sim, eliminar o desmatamento e o crime ambiental, especialmente na Amazônia.”