Governo publicou nota sobre militares
Ludymila Siqueira
O ministro Gonçalves Dias, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), pediu demissão do cargo na tarde desta quarta-feira (19/4), após a divulgação de imagens em que aparece no Palácio do Planalto durante os ataques criminosos contra Três Poderes no dia 8 de janeiro deste ano.
Dias havia se reunido nesta quarta-feira (19) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele era tido como um militar próximo do presidente, por ter atuado em sua segurança pessoal durante os primeiros mandatos, de 2003 a 2009, e também durante a campanha de Lula para as eleições de 2022.
O governo federal publicou uma nota sobre o envolvimento de militares no 8 de janeiro. No entanto, não falou explicitamente sobre a demissão do coronel Gonçalves Dias. Veja na íntegra:
“A violência terrorista que se instalou no dia 8 de janeiro contra os Três Poderes da República alcançou um governo recém-empossado, portanto, com muitas equipes ainda remanescentes da gestão anterior, inclusive no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que foram afastados nos dias subsequentes ao episódio.
As imagens do dia 8 de janeiro estão em poder da Polícia Federal, que tem desde então investigado e realizado prisões de acordo com ordens judiciais.
No dia 17 de fevereiro, a Polícia Federal pediu autorização para investigar militares e, a partir do dia 27 de fevereiro, com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), tem realizado tais investigações, inclusive com a realização de prisões.
Dessa forma, todos os militares envolvidos no dia 8 de janeiro já estão sendo identificados e investigados no âmbito do referido inquérito. Já foram ouvidos 81 militares, inclusive do GSI.
O governo tem tomado todas as medidas que lhe cabem na investigação do episódio.
E reafirma que todos os envolvidos em atos criminosos no dia 8 de janeiro, civis ou militares, estão sendo identificados pela Polícia Federal e apresentados ao Ministério Público e ao Poder Judiciário.
A orientação do governo permanece a mesma: não haverá impunidade para os envolvidos nos atos criminosos de 8 de janeiro”.
Comissão de segurança e pedidos de renúncia
A Comissão de Segurança Pública da Câmara aprovou, nesta quarta-feira (19/4), a convocação, obrigando que o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Marco Edson Gonçalves Dias, explique à Casa como o GSI reagiu para conter os ataques vândalos do 8 de janeiro. Gonçalves Dias apresentou atestado para faltar ao convite para uma audiência que faria no colegiado, justificando “quadro clínico agudo com necessidade de medicação e observação” às 13h.
Na sessão, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), aliado do governo, defendeu que o chefe do GSI renuncie. “Não vejo a menor condição do ministro seguir à frente do GSI”, afirmou. Oposição e governo concordaram em seguir com o chamamento. “Quero dar a ele o direito de explicar e eu mesmo quero ouvir as explicações”, disse o líder do governo na comissão, Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ). A oposição aproveitou para atacar o ministro.
Marcel van Hattem (Novo-RS) disse que Gonçalves Dias “deveria usar o uniforme de presidiário” na Papuda, e que ele é um “fugido da raia”. “Ficou doente em duas horas e meia. Que crise é essa?”, questionou. Segundo o presidente do colegiado, Sanderson (PL-RS), Gonçalves Dias tinha confirmado presença às 10h da manhã. Com a ausência, o deputado pautará a convocação do ministro, o que o obrigaria a comparecer à Câmara.
O atestado assinado pelo médico João Luiz Henrique da Silveira relatou que o ministro teve um “quadro clínico agudo com necessidade de medicação e observação”, sem especificar a causa ou código de doença. às 13h, depois da revelação de imagens que Gonçalves Dias teria facilitado o trânsito de manifestantes golpistas que vandalizaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.