Jornal do Peninha

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Novembro Azul: “Não existe idade para começar a se cuidar”, diz urologista

Mês conscientiza sobre câncer de próstata 

Goiânia – O Novembro Azul, instituído no Brasil desde 2003, é uma programação de saúde dedicada à prevenção do câncer de próstata. E não é à toa: segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a incidência da doença no Brasil é de 29,1%. Esse câncer mata cerca de 16 mil homens por ano no país.
 
Para o doutor Peterson Freitas Moreira, urologista com atuação em uro-oncologia, membro da Sociedade Americana de Urologia e da Sociedade Europeia de Urologia, a tendência é este número aumentar: o câncer de próstata está associado ao envelhecimento e a expectativa de vida do brasileiro tem aumentado, o que requer maior atenção e acompanhamento médico.
 
Por outro lado, os números têm aumentado porque, felizmente, com o passar dos anos, mais homens tem procurado o urologista e feito os exames anualmente desde cedo. “Há uma maior incidência também porque estamos conseguindo fazer um diagnóstico mais rápido”, relata Peterson.
 
Segundo o médico, o câncer de próstata ocorre basicamente por alguns fatores. O primeiro é genético: “se você tem histórico em parentes de primeiro grau, é bom ter em mente que há um risco maior de desenvolver a doença e, portanto, começar a prevenção o mais cedo possível, aos 40 anos”.
 


Dr. Peterson Freitas Moreira (Foto: acervo pessoal)
 

O segundo principal fator tem a ver com alimentação, principalmente ao consumo de carne vermelha. “Como nosso país ingere muita carne, temos uma incidência maior. Fazer uma dieta mais balanceada e com a associação de peixes e vegetais tem um papel bom na prevenção, juntamente com a prática da atividade física”.

Porém, Peterson destaca que a melhor prevenção é através do acompanhamento clínico. “Caso um tumor apareça, ele pode ser identificado o mais cedo possível. O câncer de próstata é silencioso: sem sintomas, sem queixas. Quando o paciente começa a sentir alguma coisa, ele já está avançado. Começar o acompanhamento aumenta as chances de um diagnóstico precoce e aumenta a chance de cura”.

Saúde masculina
Até relativamente pouco tempo atrás, homens costumavam só procurar o médico quando algo já estava errado. “Isso é uma questão cultural. O homem era visto como chefe da família e como aquele que não ficava doente. A saúde preventiva da mulher existe desde os anos 1950. Para os homens, isto não existia. Fomos começar a ter campanhas de conscientização pela saúde preventiva masculina a partir dos anos 1990”, lembra o especialista.

Ele relata que, de lá pra cá, houve uma mudança perceptível no comportamento. “As campanhas começaram falando sobre o câncer de próstata, mas isso se abrangeu para que o homem tenha na sua mentalidade a preocupação de cuidar da sua saúde como um todo. Não existe idade para começar a cuidar da saúde: o acompanhamento e os cuidados de prevenção devem começar já na infância”.

Peterson aponta que é comum que mulheres comecem a fazer um acompanhamento com o ginecologista na puberdade, o que ainda não é comum para os homens, mas devia ser. “Precisamos ficar atentos a quadros que podem se manifestar nessa faixa etária. É importante que eles vão ao urologista nessa fase para já fazer alguns estudos em relação a questões de fertilidade e saúde sexual para prevenir patologias que podem ocorrer nessa faixa etária”, explica.

Além disso, doenças associadas a uma idade mais avançada, como problemas cardíacos, vem pegando de surpresa homens com 30 anos ou menos. “Vemos que algumas doenças estão surgindo com o mau comportamento na sociedade: alimentação ruim, pouca atividade física. Essa imobilidade pode trazer doenças associadas. Além de cultivar bons hábitos, é importante que o homem tenha a mentalidade de se cuidar desde cedo”, resume Peterson.