Rivalidade entre Rei do Futebol e Maradona se acentuou devido à disputa de melhor jogador da história, mas argentino se reconciliou com o craque brasileiro no fim da vida
Fonte: Agência Estado
Pelé ou Maradona? A pergunta, que nasceu após o craque argentino se estabelecer como gênio do futebol, permeia até hoje calorosos debates e fez florescer uma intensa rivalidade entre os dois. Porém, no dia da morte de Diego Armando Maradona, o Rei do Futebol não deu vazão a velhas brigas e preferiu reconhecer a grandiosidade do argentino. “Que notícia triste. Eu perdi um grande amigo e o mundo perdeu uma lenda. Ainda há muito a ser dito, mas por agora, que Deus dê força para os familiares. Um dia, eu espero que possamos jogar bola juntos no céu”, escreveu Pelé em sua conta no Twitter.
A animosidade resultou até em declarações homofóbicas. “O que querem que eu diga? Ele debutou com um garoto”, provocou Maradona, fazendo insinuações sobre a vida sexual do amigo com quem brigou durante boa parte da vida. A frase faz referência a uma declaração de Pelé à revista Playboy, em 1980. “Até os 15, 16 anos, cheguei a ter umas transas homossexuais. Minha iniciação foi com uma bicha que nosso time [do Bauru] inteiro comeu”, disse o ex-atleta à publicação. Hoje Pelé nega essa história. Visões políticas distintas também motivaram desentendimentos. Maradona tem ideias alinhadas ao pensamento de esquerda e se transformou em notório crítico do neoliberalismo. Pelé chegou a assumir o ministério dos Esportes durante o primeiro mandato do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-1998).
Os dois ensaiaram uma reaproximação em 2005, quando o argentino estreou na TV do seu país o programa “La Noche Del Diez” (A Noite do Dez, em tradução livre, fazendo referência ao número com o qual jogou no Boca Juniors-ARG, no Barcelona-ESP, no Napoli-ITA e na seleção argentina) e convidou Pelé para a edição de abertura. Entre tapinhas nas costas e trocas de elogios, os craques prometeram dar um tempo nos arranca-rabos. “Tivemos nossas discussões, mas nunca nos falamos dessa maneira. Essa é a primeira vez que eu tenho a oportunidade de falar realmente com o Pelé.” O acordo de cessar-fogo não foi imediatamente respeitado – especialmente pelo argentino -, mas em 2016 eles finalmente selaram a paz. “Chega de brigas”, prometeu Diego enquanto abraçava o amigo durante um encontro que tiveram em Paris.