Mudanças climáticas podem ter influência
AR
Estudo publicado em revista internacional por pesquisadores do Laboratório de Diversidade, Comportamento e Conservação de Aracnídeos e dos programas de Pós-Graduação em Recursos Naturais do Cerrado (Renac) e Ambiente e Sociedade da Universidade Estadual de Goiás (UEG) relaciona a aceleração das mudanças climáticas ao aumento do risco de acidentes com escorpiões no Brasil.
Pesquisadores do Laboratório de Diversidade, Comportamento e Conservação de Aracnídeos (Aracno Lab) e dos programas de Pós-Graduação em Recursos Naturais do Cerrado (Renac) e Ambiente e Sociedade da Universidade Estadual de Goiás (UEG) publicaram na revista internacional Toxicon, no último dia 20 de março, um estudo que relaciona a aceleração das mudanças climáticas ao aumento do risco de acidentes com escorpiões no Brasil.
No estudo, foram avaliadas sete espécies de escorpiões do gênero Tityus, consideradas tóxicas aos humanos e que contribuem para as preocupações de saúde pública relacionadas a escorpiões no país. Entre as espécies, está a Tityus serrulatus, presente nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, e responsável pelo maior número de casos graves de envenenamento no Brasil.
A publicação representa a primeira parte de um estudo mais amplo sobre as consequências das mudanças climáticas e os riscos para a saúde pública causados pelo aumento do número de acidentes e óbitos por picadas de escorpiões. Os resultados demonstraram que a tendência de elevação da temperatura e outras mudanças climáticas podem, até 2050, contribuir para o aumento da área potencial de vida desses escorpiões, o que poderá levar a um aumento no número de acidentes em todo o país.
Um dos pesquisadores da UEG que assinam o estudo, prof. Everton Tizo, docente do Centro de Ensino e Aprendizagem em Rede (Cear/UEG) e membro do Aracno Lab/UEG, observa que em Goiás o número de acidentes vem aumentando. Ele cita como exemplo o caso ocorrido na última quarta-feira, 19 de março, quando uma bebê de um ano morreu após ser picada por um escorpião em Uruaçu, na região norte de Goiás. Segundo o professor, “os resultados do estudo indicam que as mudanças climáticas tendem a ampliar a adequabilidade de habitat para a maioria das espécies estudadas, especialmente em áreas urbanas e rurais, nos próximos anos”.
De acordo com Tizo, isso sugere que essas espécies poderão expandir suas áreas de vida e, consequentemente, aumentar tanto o crescimento populacional quanto o risco de encontros entre seres humanos e escorpiões, elevando assim o número de acidentes. “Os dados do DataSUS, do Ministério da Saúde, confirmam o aumento de acidentes e óbitos nos últimos cinco anos, com destaque para a região Centro-Oeste. A segunda parte do estudo, em fase de submissão para avaliação em periódico, investiga detalhadamente o histórico de acidentes nessa região. Esses resultados reforçam a necessidade de novos estudos e estratégias para controle e prevenção de acidentes com escorpiões”, alerta o pesquisador.