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Projeto que retira incentivos de usinas pode gerar cerca de 12 mil demissões

Ftieg vê proposta com preocupação

Fonte: AR

As discussões envolvendo a concessão de incentivos fiscais em Goiás tem preocupado não só o empresariado, mas também a classe de trabalhadores das indústrias. O temor é que novos investimentos sejam retardados no Estado, além dos já existentes desacelerarem a produção e, assim, começarem a dispensar os trabalhadores. Na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) foi instaurada uma Comissão para investigar a concessão de incentivos fiscais. Mais recentemente, o presidente da comissão, deputado Humberto Aidar (MDB), apresentou um projeto que prevê a retirada do crédito outorgado concedido às usinas de álcool.

Segundo o parlamentar, uma lei de 2011 permitiu que grandes grupos econômicos instalados em Goiás deixassem de pagar quase R$ 1 bilhão ao ano em ICMS. “Isso não pode continuar. O estado é onerado anualmente e não há nenhuma contrapartida”, disse o parlamentar.   

O projeto foi recebido com receio pelas entidades que representam os trabalhadores. Segundo o presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria nos Estados de Goiás, Tocantins e Distrito Federal (Ftieg -TO-DF), Pedro Luiz Vicznevisk, caso o projeto seja aprovado, Goiás pode passar por uma crise de desemprego nunca vista antes. “Se estes créditos outorgados não forem mais concedidos, estas usinas não deverão mais produzir esse produto. Se isso ocorrer, poderíamos deduzir que perderíamos hoje em nosso Estado cerca de 12 mil empregos. Isto seria uma grande catástrofe”, afirmou em entrevista ao jornal A Redação.
Segundo a Ftieg, em Goiás são 35 usinas de álcool em safra, duas unidades “hibernadas”, uma unidade paralisada e duas unidades fechadas. Para o presidente, as usinas de álcool fazem parte de um dos setores que mais geram riquezas para Goiás. “Quando menciono riquezas, me refiro ao recolhimento de impostos e desenvolvimento, principalmente na criação de empregos. Desta forma, tende a corrigir distorções de desigualdades sociais em determinas regiões do nosso estado”, disse Pedro Luiz.
Ainda segundo a Ftieg, as usinas de álcool estão presentes em 29 municípios. Já a área de plantio ocupa 50 municípios goianos. 
Produção em Goiás (Dados da Ftieg ):
70 milhões de toneladas de cana (2º produtor nacional)
1,7 milhões de toneladas de açúcar (4º produtor nacional)
4,7 bilhões de litros de etanol de cana (2º produtor nacional)
190 milhões de litros de etanol de milho (2º produtor nacional)
4,9 bilhões de litros de etanol total (2º produtor nacional)
29 % do PIB Industrial de Goiás 
7,2 % do PIB de Goiás 
5 % da arrecadação de Goiás
Pedro Luiz Vicznevisk reconhece a importância do papel da CPI em investigar possíveis irregularidades, mas vê com espanto o modo com que a Comissão tem levantado as questões. “No momento que o Brasil e os estados necessitam de ampliar e manter investimentos que possam aquecer nossas economias, estamos escandalizando a nossa. Isso certamente chama a atenção de empresas sérias do nosso estado, que usam ou pensam em usar tais incentivos fiscais”, acrescentou. 
“Desta forma, obviamente, o nosso estado perde novos investidores, bem como aqueles que já estavam estabelecidos aqui, se tiverem proposta melhores de outros estados, certamente vão fazer suas malas e irem embora”, concluiu.