Jornal do Peninha

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Russos lotam fronteiras e aeroportos para escapar de convocação para guerra

Finlândia quer endurecer barreiras 

Fonte: Agência Estado, com agências internacionais

MoscouUm dia após o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciar a convocação de 300 mil reservistas em meio a guerra na Ucrânia, os russos já começaram a receber suas cartas de recrutamento e muitos estão tentando fugir para os países vizinhos a fim de evitar a linha de frente. Países vizinhos, como a Finlândia, relataram ao longo desta quinta-feira (22/9) um aumento no fluxo de migrantes russos na fronteira e já cogitam barrar sua entrada alegando questões de segurança.

Na fronteira sul da Finlândia com a Rússia, na cidade de Vaalima, próxima de São Petersburgo, 4,8 mil russos atravessaram a fronteira – um aumento de cerca de 50% comparado à semana passada, quando 3,2 mil russos cruzaram o posto de controle. O congestionamento hoje tinha uma extensão de 300 metros – um fluxo ainda pequeno, mas preocupante, segundo autoridades finlandesas.
 
A Finlândia é o único da União Europeia que ainda recebe cidadãos russos com vistos de turistas, depois de sanções impostas pelo bloco barrarem voos e a entrada de visitantes da Rússia, como represália pela invasão da Ucrânia. A primeira-ministra Sanna Marin defendeu conter a entrada de turistas russos no país.
 
“A vontade do governo é muito clara, acreditamos que o turismo russo deve ser interrompido, assim como o trânsito pela Finlândia”, disse a premiê. “Acredito que a situação precisa ser reavaliada após as notícias de ontem”.
 
Em outras cidades, russos procuram voos para deixar o país rumo a antigas repúblicas soviéticas, como a Armênia, a Geórgia e o Azerbaijão, akém da Turquia. Todos esses países ainda recebem voos e cidadãos russos.

Preocupação para Europa
Quem não pode pagar as escassas e caras passagens de avião, tem optado por cruzar a pé temendo um fechamento das fronteiras terrestres.Os agentes de fronteira finlandeses, no entanto, ressaltam que apesar de o movimento ter aumentado nos últimos dias, ainda não chegou a níveis alarmantes.

“O tráfego fronteiriço na fronteira terrestre russa finlandesa permanece em nível mais alto do que o habitual”, disse Matti Pitkaniitty, responsável pelo controle de fronteira de Vaalima no Twitter. “Mas a intensidade é semelhante à que normalmente vemos nos finais de semana.”

Os três estados bálticos vizinhos dizem que não estão preparados para oferecer asilo automaticamente aos russos que fogem da mobilização. Diferentemente da Finlândia, havia poucos sinais de pressão nas fronteiras da Estônia, Letônia e Lituânia já que esses países fecharam suas entradas para a maioria dos russos no início da semana.
 
O ministro das Relações Exteriores da Letônia, Edgars Rinkevics, disse nesta quinta que seu país não emitiria vistos humanitários ou outros para russos que buscam evitar a mobilização, citando razões de segurança. Não devemos ceder à chantagem de Putin e devemos apoiar a Ucrânia o máximo que pudermos. A Rússia hoje é tão perigosa para a Europa e para a paz mundial quanto a Alemanha nazista foi no século passado”, disse Rinkevics, segundo o Baltic News Service.

A União Europeia disse por meio de um porta-voz que o bloco se solidariza com os milhares de homens que não querem lutar. Na prática, no entanto, oferecer-lhes asilo ou mesmo um processo de visto mais rápido para ajudá-los a sair rapidamente da Rússia seria um desafio.
 

Diplomatas da UE disseram que, embora houvesse vozes fortes dentro do bloco defendendo uma abordagem generosa aos russos que tentam evitar o serviço militar, havia uma enorme preocupação sobre como verificar a identidade e os antecedentes das pessoas para garantir que aqueles que buscam proteção da UE são requerentes reais de asilo e não agentes do Kremlin.
 
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse nesta quinta que os relatos de um êxodo de russos são “muito exagerados”. Segundo o governo russo, cerca de 10.000 homens se alistaram no exército da Rússia desde o anúncio de Putin.