Jornal do Peninha

Opinião e informação

Acusados de envolvimento na morte do radialista Valério Luiz são julgados em Goiânia

Sessão está acontecendo após quatro adiamentos, no plenário do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), em Goiânia, e é presidida pelo juiz Lourival Machado

Fonte: O Popular

O julgamento dos cinco acusados de envolvimento na morte do radialista Valério Luiz começou às 09h41, desta segunda-feira (7). Dos 25 jurados, foram sorteados sete, sendo seis homens e uma mulher. A sessão está acontecendo, após quatro adiamentos, no plenário do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), no Setor Oeste, em Goiânia, e é presidida pelo juiz Lourival Machado. A previsão é que o do júri popular dure três dias.

Após a reunião dos jurados com o juiz, serão ouvidas as cinco testemunhas de acusação arroladas pelo Ministério Público. Depois, será a vez das testemunhas de defesa dos réus, sendo cinco do Maurício Sampaio; cinco do Ademá Siva; cinco do Djalma da Silva e quatro do Urbano Malta. O réu Marcos Vinícius Pereira não terá testemunhas, segundo informou o Tribunal de Justiça.

O Júri terá pausas para almoço e jantar, com interrupções quando o juiz achar necessário. Caso não ocorram imprevistos, a expectativa é que o primeiro e o segundo dia sejam voltados para ouvir as testemunhas e interrogatório dos réus. Já o terceiro dia será reservado para os debates, que devem durar cerca de 9 horas.

A primeira testemunha de acusação pediu para não ser identificada, por isso a transmissão do júri foi suspensa temporariamente. 

O depoimento da primeira testemunha de acusação no julgamento dos cinco acusados de envolvimento na morte do radialista Valério Luiz finalizou no início da tarde desta segunda-feira (7), após 01h16 de perguntas e respostas. A testemunha não quis se identificar e, por isso, as falas não poderão ser divulgadas.

O julgamento começou às 09h41 e foi interrompido às 12h30 para o intervalo de almoço. A sessão acontece no plenário do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), no Setor Oeste, em Goiânia, e é presidida pelo juiz Lourival Machado. A previsão é que o jurídico dure três dias.

Os advogados e acusados saíram por trás e a imprensa pela frente, não foi possível tentar conversar.

Segundo depoimento 

O delegado Hellyton Carvalho, de 37 anos, será a segunda testemunha a depor nesta segunda-feira (7) no julgamento dos cinco acusados de envolvimento na morte do radialista Valério Luiz. A sessão foi retomada às 13h49, após o intervalo para o almoço.

Hellyton participou das investigações do caso e informou que o inquérito foi iniciado em julho de 2012 e foi finalizado em março de 2013, quando os cinco acusados foram indiciados. O investigador atua na Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH), em Goiânia. 

Durante o depoimento, a testemunha afirmou que as investigações descartaram hipóteses de dívidas e relacionamentos extraconjugais. Hellyton destacou que dias antes do crime, Valério Luiz teria feito um comentário direcionado ao ex-vice-presidente do Atlético Clube Goianiense, o empresário Maurício Sampaio.

“Quando o barco afunda, os ratos são os primeiros a deixá-lo”, disse o investigador ao mencionar as críticas de Valério a Maurício. Hellyton ressaltou ainda que os agentes da Polícia Militar (PM) envolvidos no caso também eram suspeitos de envolvimento em outros homicídios.

Hellyton também deu detalhes sobre como o crime aconteceu. De acordo com ele, o planejamento ocorreu no açougue que era do Marcos Vinícius. Urbano e Djalma teriam ido até o local e convidado ele para fazer parte da ação. A participação de Marcos Vinícius era o empréstimo de uma motocicleta, uma camiseta e um capacete para o autor dos tiros. “Ele também guardou a arma de fogo que seria usada por alguns dias e a entregou para o executor.”

Ainda segundo o delegado, no dia do crime, Urbano teria ido até o açougue pela manhã e informado a Marcus Vinícius que Ademá passaria no local para buscar os objetos. Na sequência, por volta de 13h45, o policial teria estado no local e pegado os itens emprestados, uma arma de fogo e um telefone. “Então, Ademá entrou em contato com um celular que estava com Urbano na região da rádio onde Valério Luiz trabalhava”, afirmou.

Hellyton prosseguiu contando que Ademá teria estacionado nas proximidades do local do crime e que houve uma nova ligação para Urbano. Segundo ele, sete minutos depois, ocorreu uma outra ligação, de 10 segundos, entre os dois homens. Após isso, o atirador teria ido em direção à rádio e efetuado seis disparos contra Valério Luiz, que estava entrando no carro para ir embora. Depois disso, de acordo com o delegado, ele teria fugido e a moto teria sido levada de volta para o açougue de Marcos Vinícius, que a teria guardado junto com os outros objetos usados para praticar o crime.

O depoimento de Hellyton terminou às 16h56 e durou mais de três horas. Ao fazer perguntas para o delegado, a defesa dos acusados ventilou a possibilidade de um envolvimento de Valério Luiz com o tráfico de drogas e trouxe à tona outros possíveis desafetos do jornalista. Além disso, a defesa questionou se provas como, por exemplo, relatórios de ligações telefônicas, poderiam ser adulterados. O delegado respondeu que a possibilidade do envolvimento com o tráfico de drogas foi  levantada e descartada pela polícia, assim como outras linhas de investigação. Hellyton também descartou a existência de qualquer prova adulterada.

Terceiro depoimento

Por volta de 17 horas, o jornalista André Isac, colega de trabalho de Valério Luiz, começou a ser ouvido pelo júri. Ele contou que Valério Luiz e Maurício chegaram a ter um relacionamento amistoso durante um período, mas que essa relação “azedou” depois que o jornalista começou a fazer críticas mais enfáticas ao Atlético-GO. De acordo com ele, em determinada ocasião, Valério Luiz contou que Maurício chegou a dizer que “quem falava mal do Atlético-GO não servia para ser amigo dele”. 

Crime

Valério Luiz de Oliveira, na época com 49 anos, foi morto quando saía da emissora de rádio em que trabalhava, no dia 5 de julho de 2012, no Setor Serrinha, em Goiânia. A motivação do crime seriam as críticas feitas pelo radialista contra a direção do Atlético Futebol Clube, da qual Sampaio fazia parte. De acordo com as investigações, no dia 17 de junho de 2012, ao falar a respeito de possível desligamento de Maurício Sampaio da diretoria do time, Valério teria dito que “nos filmes, quando o barco está afundando, os ratos são os primeiros a pular fora”.

O caso foi investigado pela Polícia Civil e quatro pessoas, além de Sampaio, foram indiciadas por homicídio e denunciadas pelo Ministério Público de Goiás: o sargento reformado da PM Ademá Figueredo, apontado como o autor dos disparos; o empresário Urbano Malta, acusado de contratar o policial militar; o sargento da PM Djalma Gomes da Silva, que teria ajudado a planejar o crime e Marcus Vinícius Pereira Xavier, que também teria ajudado a planejar o homicídio. Este último reside atualmente em Portugal.s 17h22*