Jornal do Peninha

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‘Derretimento’ da comissão de Tite torna seu futuro incerto na seleção

Saídas de Sylvinho, Edu Gaspar e, possivelmente, de outros membros da CBF impõem novos desafios ao treinador, qualquer que seja o resultado domingo

Por Luiz Felipe Castro

A vitória sobre a Argentina na semifinal e a possibilidade de conquistar o título da Copa América no domingo 7, diante do Peru, deu alívio momentâneo à pressão popular sobre o trabalho do técnico Tite. Além disso, recém-empossado presidente da CBF, Rogério Caboclo, tem repetido que o treinador gaúcho seguirá à frente da seleção brasileira até a Copa de 2022, qualquer que fosse o resultado na competição disputada em casa. No entanto, é fato que Tite terá grandes desafios a partir da próxima semana, quando terá sua comissão técnica desmanchada.

A primeira saída confirmada, antes mesmo da Copa América começar, foi a de Sylvinho, seu ex-auxiliar, que se tornou treinador do Lyon da França. Outra saída iminente é a do coordenador de seleções Edu Gaspar. A pessoas próximas, nos bastidores da seleção, ele já admite que trabalhará como dirigente do Arsenal, da Inglaterra, assim que competição terminar.

A saída de Edu, considerado um ‘porto-seguro’ de Tite na CBF, representa um grande baque para o treinador. Eles trabalham juntos desde os tempos de Corinthians e foi Tite quem recomendou a sua contratação, em maio de 2016 – numa curiosa realidade em que o comandado escolhe o chefe. “É engraçado, às vezes, ele entre na sala, pede permissão para fazer tal coisa. ‘Edu, você me libera?’ Eu brinco: ‘pô, Tite, você que é o chefe’. Na hierarquia talvez seja eu, mas na prática nos colocamos no mesmo plano”, afirmou Edu, em entrevista a VEJA, antes da Copa da Rússia. “O Tite pensa no que é dele e eu penso no que é bom para ele”, disse, na ocasião. 

Existe agora a expectativa de que outros membros da comissão técnica, quase toda vinda do Corinthians com Tite e Edu, possam acompanhar Sylvinho no Lyon ou buscar novos rumos. Afinal, se para Tite, valorizado como um treinador de seleção, arrumar novos empregos milionários não será problema, para os membros do baixo-clero, propostas melhores da Europa, num momento de derretimento geral, parecem bem mais convidativas.

Na véspera do jogo contra a Bolívia, questionado sobre o risco de ser demitido, Tite resumiu: ”O ciclo determinado pelo presidente da CBF é até 2022 e é a isso que eu me atenho”, disse, além de fazer elogios a Rogério Caboclo, que, segundo ele, tinha uma relação mais próxima que a comissão que seus antecessores. Depois da vitória sobre a Argentina, brincou que “agora sim se sentirá técnico da seleção”, pois fará sua estreia no Maracanã, o maior palco de nosso futebol. Seria muito surpreendente que fosse também o último. Mas já é possível cravar que o técnico terá dias difíceis, mesmo com o título, para reformular seu estafe.