Jornal do Peninha

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Goiás reduz número de crianças abaixo da linha da pobreza alimentar

Dados são do Fundo das Nações Unidas 

Ludymila Siqueira
Goiás registrou uma redução expressiva no percentual de crianças e adolescentes abaixo da linha da pobreza alimentar. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em 2018, 45,6% das meninas e meninos de até 17 anos enfrentavam problemas relacionados à fome. Em 2023, o índice, divulgado na última quinta-feira (16/1), caiu para 30,7%, mesmo sob os efeitos da pandemia de covid-19, que impactou o mundo em 2020. Essa redução reflete avanços significativos no combate à insegurança alimentar no Estado.

Crianças e adolescentes com insegurança alimentar, por estado:

(Foto: Unicef)
A tendência também foi observada em âmbito nacional: a vulnerabilidade alimentar caiu de 50,5% em 2018 para 36,9% em 2023. No entanto, persistem desigualdades. Entre as crianças e adolescentes negros, 43,1% sofriam com fome em 2023, enquanto o percentual entre os brancos era de 27,7%.

(Foto: Ludymila Siqueira/A Redação)
A Unicef aponta o aumento nos preços dos alimentos como um fator que impede maiores avanços, apesar do crescimento da renda do trabalho e das transferências sociais no período. A diferença entre os índices gerais de inflação e os preços dos alimentos passou de 10,8% em 2018 para 23,9% em 2023, ampliando o peso no orçamento das famílias mais vulneráveis.
Em Goiás, políticas públicas têm desempenhado papel crucial no enfrentamento dessa realidade. Conduzido pela gestão estadual, o programa Mães de Goiás, por exemplo, já beneficiou mais de 185 mil mulheres chefes de família, contribuindo para promover dignidade e segurança alimentar.

Muitas famílias já foram beneficiadas pelo programa Mães de Goiás (Foto: Governo de Goiás)
Ao anunciar o reajuste no valor do benefício, que passou de R$ 200 para R$ 300 neste ano, a primeira-dama Gracinha Caiado destacou o compromisso com a proteção à primeira infância. “Com o programa Mães de Goiás, conseguimos levar proteção social para crianças de 0 a 6 anos, garantindo segurança alimentar em uma fase crucial para o pleno desenvolvimento delas”, afirmou.
Outras dimensões da pobreza
O estudo realizado pelo Unicef também apresentou resultados relacionados à pobreza multidimensional, oferecendo uma perspectiva distinta da pobreza monetária, que tradicionalmente é avaliada apenas pela ausência de renda. A pobreza multidimensional está diretamente conectada aos direitos das crianças e adolescentes, sendo resultado de privações, exclusões e vulnerabilidades que impactam o bem-estar desse público, conforme explica Liliana Chopitea, chefe de Políticas Sociais do Unicef no Brasil.
Nesse contexto, o levantamento analisou dados de crianças e adolescentes de 0 a 17 anos que enfrentam privações em direitos básicos, como acesso à educação, informação, habitação, água, saneamento, renda e exposição ao trabalho infantil. Enquanto algumas dimensões, como moradia, saneamento e renda, apresentaram melhorias significativas em nível nacional, outras, como privação escolar e trabalho infantil, registraram pioras.

(Foto: Ludymila Siqueira/A Redação)
Em 2023, 4.015.330 crianças e adolescentes enfrentaram dificuldades para acessar a educação, número superior ao registrado em 2019, quando eram 3.835.738. Em relação ao trabalho infantil, 1.752.831 crianças e adolescentes estavam em situação de trabalho no mesmo ano, frente a 1.611.986 em 2019.

(Foto: Unicef)
No Estado de Goiás, as dimensões mais críticas foram saneamento básico e renda. Em 2023, 744.100 crianças e adolescentes viviam em situação de vulnerabilidade relacionada ao saneamento, e mais de cinco mil estavam em privação extrema de esgoto. No que se refere à renda, 113.660 crianças e adolescentes estavam em situação de vulnerabilidade econômica, sendo que 46.170 viviam em extrema privação de renda, sem qualquer recurso econômico.


(Foto: Unicef)