Jornal do Peninha

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MPF denuncia Marconi por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa

Conforme expõe a denúncia, executivos da Odebrecht teriam repassado R$ 12 milhões para campanhas do ex-governador, em 2010 e 2014, em troca de favores no governo

O Ministério Público Federal (MPF) em Goiás, por meio do N30úcleo de Combate à Corrupção, denunciou o ex-governador Marconi Perillo por crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Outras quatro pessoas também foram denunciadas. O documento foi assinado pelo procurador da República, Helio Telho Corrêa Filho na última segunda (17) e divulgado na manhã desta sexta-feira (21).

Conforme a denúncia, enquanto ainda senador e, depois, também como governador, Marconi Perillo solicitou e recebeu propina em troca de favorecer interesses da construtora Odebrecht relacionados a contratos e obras em Goiás.

Além de Perillo, constam entre os acusados o ex-presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Eduardo Rincón, e Márcio Garcia Moura, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Já Paulo Rogério de Oliveira e Carlos Alberto Pacheco Júnior apenas por lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Segundo o MPF, os quatro tinham a função de operacionalizar o recebimento da propina. Rincón atuava como agente intermediador dos pagamentos, cabendo a ele tratar diretamente do valor requisitado por Perillo junto a executivos da Odebrecht. Os demais tinham a função de buscar o dinheiro da propina.

Defesa

Em nota (confira íntegra no final do texto), o advogado do ex-governador Marconi Perillo, Antônio Carlos de Almeida, o Kakay, afirmou que a defesa está indignada com a denúncia e que não há “nenhuma preocupação” com os fatos constantes na peça acusatória. Conforme diz ele, o procurador “persegue”, há anos, o tucano.

Segundo o texto, o processo teria sido enviado ao MPF para “simples ciência”, já que havia determinação de que fosse encaminhado à Justiça Eleitoral, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Em atitude classificada pela defesa como “intempestiva” e “atrevida”, o procurador apresentou a denúncia, que conforme a nota, não era de sua competência.

“O ex-governador não teme o enfrentamento dos fatos e tem absoluta confiança na sua total inocência, mas tem que responder frente ao Juízo competente. Em respeito ao Judiciário não teceremos nenhum comentário sobre o mérito, por entender que há uma clara usurpação de competência e abuso de poder e, mais uma vez, uma odiosa perseguição que deve ser apurada com a devida responsabilização”, diz trecho.

Por telefone, Romero Ferraz, advogado de Jayme Rincón, informou ao Mais Goiás que “surpreendeu com a denúncia oferecida”. Leia a nota na íntegra no final da matéria. A reportagem tenta contato com a defesa dos demais denunciados.

Operação

O ex-governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB), chegou a ser preso pela Polícia Federal (PF), em novembro de 2018, em razão das investigações da Operação Cash Delivery, um desdobramento da Operação Lava Jato.

O que motivou a apuração policial foram delações premiadas de executivos da Odebrecht. Eles afirmaram ter repassado R$ 12 milhões para campanhas de Marconi em 2010 e 2014, em troca de favores no governo, como a construção do VLT, que não teve início, e obras de esgoto na região do Entorno do Distrito Federal.

Na denúncia, Marconi Perillo é apontado como líder do esquema; Jayme Rincón, coordenador financeiro da campanha eleitoral do tucano em 2010, como braço-direito do ex-governador e responsável pela entrega do dinheiro ao político.

No mesmo período em que o ex-governador foi preso, os outros quatro denunciados também foram detidos. À época, Rincón afirmou que “recursos” para campanhas de candidatos aliados foram entregues pela Odebrecht a seus motoristas. Com um deles, Márcio Garcia de Moura, foram encontrados maços de dinheiro em espécie.